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Analisar e debater a sustentabilidade do sistema de saúde português

Analisar e debater a sustentabilidade do sistema de saúde português

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“Sejamos ou não da área da saúde, é na saúde que todos pensamos durante os últimos três anos”, começou por afirmar o presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, na sessão de abertura da Conferência “A Sustentabilidade do Sistema de Saúde entre a Pandemia COVID-19 e a Guerra da Ucrânia”, que decorreu esta terça-feira, dia 14 de Fevereiro, no Centro de Congressos Myriad Crystal Center, em Lisboa. O encontro foi promovido pelo Conselho Estratégico Nacional da Saúde da CIP – Confederação Empresarial de Portugal (CENS-CIP) da qual a APIFARMA é parceira.

António Saraiva particularizou o impacto da inflação na saúde e abordou o seu valor económico. Referiu, assim, algumas das conclusões de um estudo realizado pela Informa D&B, com base nos documentos de prestação de contas do exercício de 2021. “O sector privado da saúde em Portugal é constituído por mais de 30 mil empresas. O valor das actividades ascendeu a cerca de 22 mil milhões de euros em 2021, tendo contribuído com um valor acrescentado bruto de 6,3 mil milhões de euros para o país. As empresas do sector privado da Saúde pagaram cerca de 1.000 milhões de euros de IRC e contribuições para a Segurança Social em 2021”, frisou e falou na importância de se aproveitar o potencial da saúde para o desenvolvimento da economia do País. “A Saúde é uma componente importante da economia e a economia é determinante para que a Saúde possa singrar”.

Marcou presença neste encontro, enquanto keynote speaker, Hans Martens, membro do conselho consultivo do EIT Health High Value Care Forum. O dinamarquês, que também é consultor principal de Política de Saúde do European Policy Center, tem estudado os novos desafios dos sistemas de saúde europeus e partilhou os seus conhecimentos.

O especialista referiu que as parcerias público-privadas são essenciais para equilibrar as finanças públicas e evidenciou a importância de se “identificar as melhores práticas na Europa”, no sentido de serem reproduzidas. Para o orador, é importante reduzir o desperdício nos sistemas de saúde e fazer uso da tecnologia para libertar os recursos humanos de determinadas tarefas.

O painel de discussão foi moderado por Paula Rebelo e contou com a participação de Alexandre Guedes da Silva, presidente da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla, Oscar Gaspar, presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada, e dos deputados à Assembleia da República Jorge Seguro Sanches e Ricardo Baptista Leite.

Óscar Gaspar defendeu a urgência da reforma do Serviço Nacional de Saúde (SNS), alertou para o facto de os preços da saúde não estarem ajustados à realidade e sublinhou o impacto da inflação nos hospitais privados e no sector público.

Jorge Seguro Sanches, deputado do PS, deu enfoque ao grave problema demográfico que Portugal enfrenta e referiu a importância da transição digital na saúde. De acordo com as palavras de Ricardo Baptista Leite, deputado do PSD, a pandemia colocou uma lupa sobre problemas estruturais e a guerra trouxe um aumento da pobreza e das desigualdades. Já Alexandre Guedes da Silva reforçou a importância do registo de saúde electrónico para os doentes, aumentando a eficiência, evitando desperdício e duplicação de procedimentos.

No início da sessão de encerramento, interveio o presidente da CENS-CIP e da APIFARMA, João Almeida Lopes, que destacou os constrangimentos causados pela falta de abastecimento de medicamentos e sublinhou que não foi um exclusivo nacional. Também defendeu a revisão dos preços: “Nos últimos 20 anos não houve qualquer actualização no preço dos medicamentos. Estamos perante o rescaldo de uma pandemia, com uma guerra na Europa com impacto na inflação e nos custos de produção da Indústria Farmacêutica.” E acrescentou: “A revisão de preços minimiza os constrangimentos, mas não resolve tudo. Não faz sentido para empresas, por exemplo, que dois terços do investimento do Estado seja pago na última semana do ano, como aconteceu em 2022. Um mercado de 1.500 milhões de euros, mesmo algumas empresas sendo grandes, precisa de mais equilíbrio.”

O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, elogiou a forma coerente como a CENS-CIP tem intervindo na esfera pública, com acções “bem estruturadas e argumentadas.” Invocou a pandemia como um evento que fez retroceder o mundo e o índice de desenvolvimento humano e defendeu que “só com uma atitude de cooperação é possível colmatar os constrangimentos. O que nos resta é aumentar a riqueza nacional. Juntar mãos com a economia para – a prazo – garantir a sustentabilidade do SNS e o acesso à inovação na saúde”.